terça-feira, 1 de maio de 2012

Construtora "verde" é raridade

A preocupação com o conceito de sustentabilidade em obras e projetos ainda não faz parte da agenda da maioria das pequenas e médias construtoras do Brasil. Quem garante é Marcos Casado, gerente técnico do Green Building Council Brasil ( GBC ), organização que fomenta a construção sustentável no país. "Apenas 2% das empresas adotam conceitos de sustentabilidade", diz Casado. A maior partes das construtoras que abraçam acões "verdes" realiza gestão de resíduos nas obras, compra madeira certificada e faz uso adequado da água e da energia nos canteiros e projetos. Uma construção sustentável pode obter uma redução de 30% no consumo de energia e de 50% no uso de água. Outro ganho é a valorização do imóvel no momento da venda, que chega a 20% em relação a um ponto convencional, segundo o GBC. "Com o aumento da demanda a das exigências dos copradores, as construtoras que não se engajarem nesse movimento correm o risco de serem excluídas do mercado", afirma. De acordo com o GBC Brasil, o Brasil tem 40 empreendimentos que receberam o selo Leadership in Energy and Environmental Design ( Leed ), concedido pela organização, depois de avaliar critérios como eficiência energética, uso adequado de materiais e recursos. Pelo menos 380 empreendimentos estão em busca do diploma. Desse total, 197 entraram com o pedido no ano passado, um crescimento de 140% em relação a 2010. Na Sempre Engenharia, a adoção de recursos de construção sustentável nas obras e em ampliações de empreendimentos começou há cerca de dois anos. Um dos projetos da empresa feitos nessa linha são os escritórios da Philips, no bairro de Alphaville, em Barueri (SP), em uma área de dez mil metros quadrados. Segundo o diretor da Sempre, Eduardo Senra, foram usados produtos fabricados a menos de 800 quilômetros da obra, madeira com certificado de procedência, além de controle do ar condicionado por ambiênte para evitar o desperdício de energia. " Também separamos todo o entulho gerado na obra para usinas de reciclágem". Para Senra, a adoção das boas práticas será, no futuro, uma questão de sobrevivência para as construtoras. " Ou a empresa tem a capacidade de executar uma edificação sustentável ou estará fora do mercado", diz. O acréscimo do custo de uma construção "verde", de 3% a 5% em relação a uma obra convencional, e rapidamente absorvido pela redução da despesa operacional do edifício, com economia de água e energia, segundo o executivo. Com 120 funcionários, a Sempre se especializou no segmento corporativo e industrial, com foco na implantação e retrofit de escritórios, call centers e salas de controle. Fatura R$ 35 milhões ao ano e conquistou clientes como a BV Financeira, Bristol Mayers Squibb e Microsoft. Para garantir a sustentabilidade nos empreendimentos, a Libercon Engenharia também mantém um plano de gestão de resíduos sólidos durante as obras, reutiliza material de demilição em pavimentações e compra produtos regionais. "Incorporamos aos projetos iluminação natural e jardins com espécies que exigem pouca irrigação", diz o diretor Hailton Liberatore. Com dez anos de mercado, a construtora segue a cartilha sustentável nas obras, com maior ênfase em certificações verdes, desde 2009. A lista de empreendimentos inclui o centro de distribuição da P&G em Itatiaia (RJ), com 39 mil metros quadrados, além projetos industriais em Cajamar e Jundiaí (SP), que somam mais de 200 mil metros quadrados de área. Segundo Liberatore, os propietários ganham velocidade na locação e venda dos imóveis por conta dos diferenciais da obra. "Além disso, as construções podem ser locadas por empresas que tenham a sustentabilidade como perte da política corporativa", explica. "A vantagem para o locatário ou comprador é menor consumo de água e energia". Para aumentar o volume de ações sustentáveis nos canteiros, a Libercon participa dos trabalhos desde a concepção dos projetos, ao lado de investidores e clientes. A empresa tem 228 funcionários e fatura R$ 49 milhões ao ano. "O selo de construção sustentável ainda é visto como um diferencial, mais a expectativa é que, no futuro, ele seja um padrão para qualquer empreendimento". As prestadoras de serviço do setor também fecham mais negócios graças à preocupação dos clientes com a sustentabilidade. "Tivemos um incremento de 50% nos projetos que contemplam o reúso de água, entre 2010 e 2011", diz Ricardo Ferraz, diretor da General Water, que tem clientes como o World Trade Center, em São Paulo. A empresa brasileira implanta sistemas de tratamento de esgoto e reúso qualificado de água, além de soluções de captação e abastecimento de material potável. Responde por gerar 500 mil metros cúbicos do produto de reúso por mês para quase 100 clientes no Brasil. Por: Jacilio Saraiva www.valor.com.br

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